quarta-feira, 23 de abril de 2008

AVALIAÇÃO DO 1º BIMESTRE
TRABALHO DE GRUPO (até cinco componentes)

° TEMA:
" Arte Renascentista e Arte Barroca " *

° DESENVOLVIMENTO:

a) Momento Histórico Cultural;
b) Caracteríticas;
c) principais nomes (Artistas);
d) Bibliografia.

° DATA DE ENTREGA:
Terça-feira 10 de maio (turmas da terça)
* Obs.: O grupo deverá abordar também o "Barroco Brasileiro", que pode ser pesquisado em "linques" neste blog (à direita).



Segunda-feira 9 de maio (turmas da segunda)

terça-feira, 22 de abril de 2008

CURIOSIDADES PICTÓRICAS I

L O U I S   S O U T T E R


LOUIS SOUTTER ( nasceu na Suiça em1871,) originário de uma família da alta classe média suíça, era primo de Charles Edouard Jeanneret - Le Corbusier, estudou desenho, arquitetura e música (violino), sem se graduar. Viajou para os EUA em1897 e se estabeleceu em Colorado Springs onde dirigiu o departamento de arte da faculdade de Colorado e contraiu matrimonio com Madge Fursman. Depois de seu divórcio retornou para a Suíça levando a partir de então, uma vida errante. Foi internado em um hospital psiquiátrico aos 52 anos de idade, onde passou o resto de sua vida ( morreu aos 71 anos em 1942). As primeiras obras de Louis Soutter foram influenciadas pela pintura mural romana, uma vez no hospital psiquiátrico, sua arte passou por uma mudança radical. Com dificuldades de visão começou a pintar usando os de dedo e, ás vezes, o corpo todo. Essa segunda fase do seu trabalho sofreu incompreensão e rejeição, após sua morte, porém, seu trabalho ganhou o reconhecimento junto aos críticos de arte que passaram a considerá-lo um dos pioneiros da chamada “Arte Bruta*, termo proposto por Jean Dubuffet na década de 1940 para a arte feita por indivíduos sem formação artística, ignorantes (consciente ou inconscientemente), em geral crianças, reclusos, doentes mentais, esquizofrênicos, gente onde não há qualquer preocupação em realizar uma obra de arte segundo um padrão conhecido. A comunicação artística na arte bruta faz-se em moldes tradicionais, espontâneos, sem referências estéticas, de forma livre de preconceitos. Não significa que se apresente como crítica da própria arte, não se trata de uma forma de expressão que desafie cânones, pois caracteriza-se pela indiferença total à arte e ao artístico.

____________________
*A expressão Art Brut (Arte Bruta) foi criada pelo pintor francês Jean Dubuffet (1901-1985) em 1947, com o objectivo de caracterizar o trabalho produzido fora do sistema tradicional e profissional da arte (pelo que é também conhecido por Outsider Art ), que o artista considerava mais autêntico e verdadeiro que o dos artistas eruditos. Desta forma, o conceito de Arte Bruta pretendia englobar produções muito diversificadas realizadas por crianças, por doentes mentais e por criminosos, que apresentavam em comum um carácter espontâneo e imaginativo. Englobava também algumas realizações de carácter público e colectivo, como o graffiti.
Em Novembro de 1947, Dubuffet apresentou pela primeira vez ao público a sua colecção de obras de Arte Bruta na galeria René Drouin, em Paris. Em Junho do ano seguinte, foi constituída a Companhie de l'Art Brut (Companhia de Arte Bruta) que assumia como função principal a valorização, o incremento e a divulgação destes trabalhos. A esta associação juntam-se vários artistas, críticos de arte ou escritores como André Breton, Jean Paulhan e Michel Tapé.
Mais tarde, em 1967, a colecção de Arte Bruta foi objecto de uma grande mostra organizada pelo Museu de Artes Decorativas de Paris e, em partir de 1976, foi transferida para Lausanne, para o museu de Arte Bruta.
Os Cahiers de l'Art Brut , publicados desde 1964, constituíram o veículo de divulgação de trabalhos teóricos e artísticos de muitos autores, de entre os quais se destacam Joseph Crépin e Augustin Lesage.
(clique nas imagens para ampliá-las)

PINTURA I



PINTURA II





PINTURA III




PINTURA IV




PINTURA V





PINTURA VI




PINTURA VII

Louis Soutter, o trágico e “louco” artista suíço, ainda em vida, foi considerado um grande artista por pessoas como Hermann Hesse (abaixo), que escreveu um poema em sua homenagem e nos anos 90 foi realizada uma exposição, de seus trabalhos em Parism que foi dividida em períodos de acordo com títulos de suas obras como "E se o sol retornar para mim novamente", "Os incrédulos” etc. Em uma carta a seu primo e colaborador Le Corbusier, ele escreveu: "Os ‘incrédulos’ são seres sofredores, uma casta purificada e elevada pela dor torturante do isolamento. [...] Nosso envolvimento com a chamada realidade realmente nos separa da realidade. Nossas preocupações, objetivos, alegrias e tristezas, realmente nos separaram da realidade suprema que é a marcha irreversível para o esquecimento. O confinamento é um dos piores castigos, porque nos expõe ao nada, mas esperando. A inteligência se torna nossa inimiga quando nos expõe à verdade e não nos mostra como escapar dela. Portanto, a arma mais estúpida, a coragem, é a nossa arma única e final. A coragem é o que nos faz tomar conta das nossas preocupações diárias, como se elas realmente importassem. A coragem é um braço para o assim chamado derrotado como a alegria é um braço para o chamado vitorioso. O budismo, que nos diz que tudo é ilusão, ainda não explica para quê esse conhecimento é útil*. Vista-se em sua coragem como em uma camisa suja, porque não há uma limpa possível. A coragem é uma virtude e a fé justifica a existência de virtudes.” * pode ser um aviso: cuidado para que seus sonhos não se tornem obsessões que se transformam em uma prisão.”



PINTURA VIII



PINTURA IX
(pintura executada na frente e no verso da tela)




PINTURA X - frente

 (detalhe do lado esquerdo da pintura anterior)



PINTURA XI- verso

(detalhe do lado esquerdo da pintura anterior)



PINTURA XII





PINTURA XIII

(detalhe do lado de cima da pintura anterior)





PINTURA XIV

(detalhe do lado debaixo da pintura anterior)
.
.


Um poema do grande escritor alemão
Hermann Hess em homenagem a

LOUIS SUTTER


A pintar quadros lindos e perfeitos,
a tocar no violino sonatas sem defeito
e lindas - a Kreutzer, à Primavera –
aprendi, já faz tempo, quando jovem
corria para o mundo aberto e claro:
eu era moço, era louvado e era amado...
Mas certa vez me olhou pela janela,
a rir com a maxila descarnada,
a Morte – e o coração
gelou dentro de mim, gelou em mim
e me gela ainda hoje. Eu escapei,
vaguei de um lado para outro,
mas me pegaram e me puseram fechado
ano após ano. Da minha janela,
por entre as grades, ela me arregala os olhos
e arregalada ri. Me conhece. Ela sabe.
Em papel grosso às vezes pinto homens,
pinto mulheres, pinto Jesus Cristo,
Adão e Eva, o Gólgota,
não perfeitos, não lindos, mas sentidos.
Com tinta e sangue eu pinto, com verdade,
e a verdade é terrível.
Recubro a folha, risca sobre risca,
mais alta, mais grudada, cinza, prata, preta,
e as pontas dos hieróglifos
deixo encresparem-se espalhados feito musgo,
crepitarem como granizo seco, afilarem-se em espinha de peixe,
cinzentos véus, redes de linha fina, teias de aranha,
vento na relva, trança de raízes, caligrafia,
rabisco dez mil linhas em blocos e mais blocos,
lisas inchadas arrepiadas,
em plumas flamejantes, empinadas, esquivas,
poupo aos rabiscos os corpos da neve,
jogo Jesus ao chão
sob o fardo da cruz, voejam pássaros
como espectros num matagal de sonho, flores em flocos
a rir aflitas entre ervas murchas.
Eu às vezes esqueço,
eu às vezes conjuro tanta angústia,
eu às vezes escuto de distantes
anos de sombras, muitos anos, música:
Sonata a Krautzer*... Mas na janela
sei que, nas minhas costas,
riem de mim.
Mas quem me conhece, quem sabe – é Ela.

_________
*Sonata No.9, para violino: “à Kreutzer”, Beethoven



segunda-feira, 21 de abril de 2008

CURIOSIDADES PICTÓRICAS II















A variedade de tema na pintura impressiona,
este quadro revela um tema inusual e anedótico.







Atribuídos a Nuno Gonçalves (pois quando foi reconstruído a primeira vez, foram encontradas as suas iniciais na bota esquerda de D. Afonso V), encontrados em1832, no Mosteiro de S. Vicente de Fora, pensa-se que foram feitos em 1460.

Trata-se de uma obra muito enigmática, devido as suas variadas interpretações, como por exemplo, o material com a qual foi pintada: uns pensam que foi a têmpera sobre madeira de carvalho, outros que foi pintada a óleo e outros que foi a gesso e a cola. As razões que indicam que fosse a óleo são que ao fazerem as radiografias da obra, foram descobertas algumas alterações efectuadas durante a sua realização, e alguns pormenores, que só eram possíveis utilizando este método; as razões da sua elaboração a gesso e a cola são que a obra revela uma camada cromática em que estão presentes, essencialmente, as cores primárias no fundo, efeitos de luz e o contraste entre cores claras e escuras.

Representa, principalmente, a sociedade portuguesa da época, ou seja, os seus grupos sociais, e a importância que detinham.

Outra das características mais evidentes da obra é a textura dos vestidos, desde os bordados, aos veludos, algodões, e até aos metais, nas vestes dos nobres, que revelam grande realismo.

Nesta obra, a cor é muito trabalhada, desde o branco ou cores neutras, no painel dos frades, o verde, no dos pescadores, que indica esperança, nos painéis centrais, mais utilizado o vermelho para realçar o tema central do quadro, e no lado direito, são as cores vivas que predominam. É também dotada de um grande espírito de geometrização pois estão presentes em cada quadro, três figuras centrais, excepto no painel dos cavaleiros que possui quatro. Na parte superior da obra é igualmente possível observar-se um muro humano, não permitindo assim a existência de uma grande perspectiva ou profundidade no quadro, apenas através do chão é que é possível observá-la, em que as suas linhas nos indicam o ponto de fuga.

Esta obra é caracterizada também por deter variadas interpretações, mas irei aqui analisar detalhadamente e individualmente cada um dos quadros, abrangendo uma parte de cada interpretação: O primeiro painel, onde se destacam os frades, que devido ao seu hábito branco se pense se tratarem de cistercienses de Alcobaça ou agostinhos regulares do Mosteiro de S. Vicente; é também possível identificar-se um madeiro, carregado pelo frade de cabelo e barba longos, que se pensa tratar-se de um caixão que guardava as relíquias de S. Vicente ou um leito de pregos, relacionado com o martírio do Santo.

O segundo painel, trata-se do Painel dos Pescadores, onde é possível observar três figuras, que aparentam exercer essa mesma profissão, e que se desconhece se se tratam de figuras históricas ou pescadores anónimos. Possui ainda outra curiosidade que é que a rede que cobre estes pescadores foi pintada por outro autor. Estas três figuras formam um triangulo, dando-nos a sensação de existir algo que os une; Há um dos pescadores que se destaca que se encontra ajoelhado, segurando o rosário, e olhando sempre fixamente para qualquer observador do quadro; Embora se assemelhe a um frade, devido ao hábito castanho, o rosário que pega, é constituído por vértebras de peixe, dando-nos a certeza de que a figura se enquadra;

No terceiro e no quarto painéis, ou seja, os painéis centrais, encontra se representada a figura de S. Vicente, como uma figura tutelar, em torno da qual se dispõem figuras de grande importância histórica. Este Santo está destacado, quer pelo espaço central que ocupa na obra, quer pela incidência dos focos de luz e força luminosa do rosto.

O terceiro painel é conhecido pelo Painel do Infante, pela presença do Infante D. Henrique, à direita do Santo; Este painel possui uma particularidade, que é a representação de duas figuras femininas (a rainha e a rainha-mãe – D. Isabel e D. Leonor) e um adolescente (embora o quadro anterior, dos pescadores, suscite algumas dúvidas quanto ao sexo do pescador de azul). Este acto pode ser entendido como um juramento ou veneração à família real. Outra curiosidade neste painel é, o livro que S. Vicente se encontra a segurar, trata-se do livro dos Evangelhos (Evangelhos segundo S. João), que nesta obra se encontra legível ao observador; o homem a quem S. Vicente se dirige é muito provavelmente, o rei D. Afonso V.

O quarto painel, também conhecido como Painel do Arcebispo, uma designação um pouco insólita, pois a personagem à qual o nome do quadro é atribuído, encontra-se num terceiro plano, ou seja, no fundo do quadro; os protagonistas deste painel, através das suas semelhantes vestes e armas (lanças e espada), apercebemo-nos que estes são cavaleiros da alta nobreza da sociedade. Um simbolismo bastante evidente neste painel é a corda que se encontra aos pés de S. Vicente, que simboliza o martírio sofrido pelo mesmo no norte de Africa, pelos mouros, caso idêntico também ao de D. Fernando, irmão de D. Afonso V, que se encontra aqui representado, ajoelhado aos pés do Santo, que foi enforcado no mesmo local, pelas mesmas “mãos”.

O quinto painel, denominado Painel dos Cavaleiros, detém um grande sentido de igualdade, bastante diferente do anterior. Os quatro cavaleiros que se destacam em primeiro plano no painel, são dotados de individualidade, sendo representados com diferentes vestes e expressões faciais que as caracterizam. Ao fundo do painel, estão representados quatro elementos do baixo-clero (clero paroquial) ou representantes de Ordens militares religiosas, que trajados de branco, contrastam com as outras personagens, dando-lhes mais “relevo”. Uma curiosidade deste painel é a origem do cavaleiro que se encontra mais próximo dos eclesiásticos, que se pensa se tratar de um cavaleiro mouro.

O sexto e último painel, trata-se do Painel da Relíquia, pois a figura principal é possivelmente um elemento do alto clero, que está a segurar um osso do crânio, que é a relíquia de S. Vicente; também o enquadramento do caixão do fundo neste painel, faz transparecer que a sua utilidade era o transporte das relíquias de S. Vicente. Outro aspecto bastante bizarro, aqui representado é que todo este painel possui um carácter cristão, mas o livro que se encontra aberto, que é ilegível, trata-se da Bíblia hebraica, segurada por um suposto judeu.






PAINEL DO INFANTE (detalhe)



PAINEL DO ARCEBISPO (detalhe)


PAINEL DOS FRADES


 

PAINEL DOS PESCADORES



PAINEL DO INFANTE



PAINEL DO INFANTE (detalhe)



PAINEL DOS CAVALEIROS



PAINEL DO ARCEBISPO



PAINEL DA RELÍQUIA



PAINEL DA RELÍQUIA (detalhe)

(Clique nas imagens para ampliá-las)

TEXTO III: “APRECIANDO UMA PINTURA”

TEXTO III: “APRECIANDO UMA PINTURA”

Robert Cumming

Atualmente, um grande número de pessoas tem acesso às obras de arte de importantes artistas. Há também cada vez mais oportunidade para ver e estudar essas obras. Contudo, várias obras costumam ser vistas num contexto afastado da arte, como peças de publicidade ou em cartões comemorativos. Em outras palavras, as obras não são realmente olhadas - pois ver não é o mesmo que olhar, assim como ouvir não é igual a escutar. Ver envolve apenas o esforço de abrir os olhos; olhar significa abrir a mente e usar o intelecto.

Olhar uma pintura é como partir para uma viagem - uma viagem com muitas possibilidade, incluindo o entusiasmo de compartilhar a visão de outra época. Como em qualquer viagem, quanto melhor a preparação, mais gratificante será a expedição. A melhor maneira de viajar é com um guia que o ajude enquanto você se familiariza com o novo ambiente, e que lhe mostre coisas que do contrário passariam despercebidas.

SEIS LINHAS MESTRAS

TEMA.

Todas as pinturas têm um tema específico, cada um com sua mensagem significativa. Com freqüência o tema é fácil de se reconhecer; mas em muitos casos, em especial nas obras mais antigas, os artistas escolheram histórias da Bíblia ou relativas aos deuses da Antiguidade, como aquelas narradas na mitologia grega e romana. Ao criar essas obras, os artistas deviam presumir que seu público estava familiarizado com essas historias. Hoje isso não é mais verdade, porém redescobrir esses grandiosos mitos e lendas pode ser um dos maiores prazeres ao se olhar uma pintura.

TÉCNICA

Cada pintura deve ser criada fisicamente, e a compreensão das técnicas utilizadas, como o emprego da tinta a óleo ou uso do afresco, aumenta muito nossa apreciação da obra de arte. A maioria das obras são notáveis por suas inovações técnicas e seu virtuosismo.

SIMBOLISMO

Muitas obras usam extensamente uma linguagem de simbolismo e alegoria que na época era compreendida tanto pelos artistas como pelo público. Os objetos reconhecíveis, mesmo pintados em detalhe, não representam apenas eles mesmos, mas conceitos de significados mais profundo ou mais abstrato. A familiaridade com esta linguagem diminuiu muito, mas ela pode ser redescoberta pelo estudo dos quadros e das crenças da sociedade que formou o artista.

ESPAÇO E LUZ

Os artistas que buscam criar uma representação convincente do mundo na superfície plana de uma tela ou madeira precisam adquirir o domínio da ilusão do espaço e da luz. É notável a variedade de meios pelos quais esta ilusão pode ser criada. Não há duas obras em que esses meios sejam iguais, e em alguns casos o principal deleite visual de uma pintura está na maneira como o pintor trabalhou essas duas qualidades fugidias.

ESTILO HISTÓRICO

Cada período histórico desenvolve um estilo próprio, que se pode perceber nas obras de seus artistas principais. Os estilos não existem isoladamente, mas refletem em todas as artes. È possível acompanhar a evolução da história da arte desde o início da Renascença até os tempos modernos.

INTERPRETAÇÃO PESSOAL

Qualquer pessoa que embarque na viagem de exploração dos significados das pinturas logo ficará confusa com a quantidade de pontos de vista apresentados. Uma orientação simples é: se você vê alguma coisa sozinho, acredite nela – não importa o que digam. Se não consegue ver, não acredite.

Cada pessoa tem o direito de levar para uma obra de arte o que quiser levar através da sua visão e de sua experiência, e guardar o que decidir guardar, no nível pessoal. O conhecimento da história, das habilidades técnicas deve ampliar essa experiência pessoal. Mas se a dimensão pessoal (ou “espiritual”) se perde, então olhar uma obra de arte não é mais significativo do que olhar um problema de palavras cruzadas e tentar resolvê-lo.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

CAIS DE EMMAÚS - Caravaggio


Hoje foram analisados os tópicos do texto III, "APRECIANDO UMA PINTURA": ESPAÇO ( Perspectiva linear cônica) E LUZ (claro/escuro), ESTILO HISTÓRICO e INTPRETAÇÃO PESSOAL, clique na imagem para ampliá-la e tente lembrar o que foi debatido em sala de aula.

O CASAL ARNOLFINI - Jan van Eyck

Este quadro, uma alegoria do casamento e da maternidade, vem sendo utilizado nas últimas aulas, sob a perspectiva do SIMBOLISMO, representado pela quantidade de pequenos objetos, testemunhos de uma sociedade que vivia na opulência. De acordo com o historiador Erwin Panofsky, justamente esses objetos e detalhes, aparentemente, sem justificativa - como se carecessem de importância - dão uma outra dimensão à obra, a dimensão do simbólico.

Observando esses detalhes, a representação antagônica do casal, por exemplo, nos revela os diferentes papéis sociais e familiares que cada um deveria cumprir no casamento, em uma sociedade de mais de 500 anos atrás. Ele austero, sóbrio e discreto, ostenta o poder moral da casa, segura com autoridade a mão de sua esposa, que inclina a cabeça em atitude submissa, a mão esquerda dela em seu ventre distendido, sinal inequívoco de sua “gravidez” futura, de sua fertilidade, sua culminância como mulher.

As roupas também reforçam esta mensagem, apesar da ambientação sugerir verão, ou primavera, estão vestidos com pesadas túnicas que revelam sua alta posição socioeconômica, ele ostentando o “tabardo” (antigo capote, de mangas e capuz) escuro e sóbrio ( cujos remates de pele de marta custavam caro), ela um vestido de cores vivas e alegres, com punhos de arminho (complementados por jóias de ouro, colar, anéis e cinto).

Tudo nesta pintura proclama a riqueza do jovem casal: o vestuário, os móveis, as frutas. Os únicos que faltariam para completar a cerimônia do matrimônio, seriam o sacerdote e a testemunha, mas ambas as personagens aparecem refletidas no espelho, ao fundo: além do casal, de costas, vê-se um clérigo leigo e o próprio pintor, que atua como testemunha, e que, com sua assinatura - "Johannes van Eyck fuit hic 1434" (Jan van Eyck esteve aqui em 1434) -, não só reclama a autoria do quadro como testifica a celebração do sacramento.

O quadro é, portanto, um documento matrimonial e se refere simultaneamente às responsabilidades do casal quando contraem o matrimônio.

Tente relembrar os significados - que foram discutidos em aula - dos detalhes, que apresentamos em seguida.

(clique nas imagens para ampliá-las)








texto I I: "O QUE CARACTERIZA UMA OBRA-PRIMA"

O QUE CARACTERIZA UMA OBRA-PRIMA

Robert Cumming

A função e o objetivo de uma grande obra de arte, as expectativas nelas depositadas e o papel do artista não são constantes; variam conforme o momento histórico/cultural. Contudo, algumas obras se destacam por terem a capacidade de “falar” além de sua própria época e oferecem inspiração e significado que atravessam os tempos. Antes da Renascença o artista era considerado um artesão e uma “obra-prima” era um trabalho submetido à sua corporação profissional como prova de que ele dominava as habilidades técnicas necessárias. Os próprios grandes mestres da Renascença propuseram que o artista deveria ser julgado mais pelas suas qualidades de intelecto e imaginação do que por sua perícia manual. Hoje, o conceito de obra-prima está ligado ao de um grande museu, entretanto, antes da Revolução Francesa esse conceito não existia, e nenhuma dessas grandes obras se destinava a ser mostrada no contexto em que se apresentam atualmente.

VIRTUOSISMO

Ao julgar qualquer desempenho excepcional de um atleta, músico, ator ou artista, a habilidade técnica é uma das primeiras considerações. Um grande artista deve ter completa mestria dessas habilidades, mais o conhecimento e a imaginação para fazer essas habilidades e as regras artísticas atingirem novos limites. O verdadeiro virtuosismo faz com que essas habilidades pareça ilusoriamente simples e natural.

INOVAÇÃO

A partir da Renascença a sociedade ocidental vem buscando, louvando e recompensando a inovação. Ser o primeiro significa ser lembrado como figura-chave na História. Giotto, Da Vinci e Picasso são considerados grandes mestres da pintura européia por conseguirem reescrever as regras e oferecer alternativas à linguagem visual da época. Muitos artistas posteriores desenvolveram-se e construíram sua arte com base nas conquistas desses gigantes. Cada obra-prima desafiou os limites artísticos, existentes na época em que foram produzidas, e os ampliou.

PATROCÍNIO

Antes do séc. XIX a maioria das obras eram encomendadas por um patrono, que em geral determinava as condições específicas ou tinha papel ativo na definição do tema e da aparência da obra. Antes da época moderna os grandes patrocinadores eram a Igreja católica e as cortes reais Européias. Só depois do Romantismo é que surgiu o papel do artista como um indivíduo solitário.

VISÃO ARTÍSTICA

Poucos artistas podem sobreviver sem o apoio financeiro de patronos, comerciantes e colecionadores, porém esse tipo de apóio não garante a qualidade do trabalho produzido A Capela Arena de Giotto ou o teto da Capela Sistina de Michelangelo são obras-primas porque expressam a crença total do artista e o seu empenho em fazer o que lhe foi pedido - no caso uma arte digna do próprio Deus – Esta crença numa idéia e no poder da pintura de expressar essa idéia distingue uma obra bem realizada tecnicamente de uma obra-prima.

O PAPEL DO ARTISTA

Um dos mitos mais persistentes na história da arte é a do grande pintor desprezado em vida e valorizado anos depois de sua morte. Isso raramente acontece. Muito mais comum é o caso do artista louvado em seu tempo e cinqüenta anos depois não passa de uma nota de rodapé na história da arte. Nem o aplauso nem a rejeição garantem fama no futuro. Os artistas vivem e trabalham em um contexto complexo feito por patrocinadores, colecionadores, comerciantes, instituições de arte e outros artistas. Destacar-se requer muita coragem e individualidade , qualidades que podem trazer sucesso a curto prazo, mas só aqueles dotados de uma visão profunda e que usam a arte não como um fim em si mas como um meio para dizer verdades maiores, são os que conseguem criar as obras-primas que resistirão ao julgamento do crítico mais severo de todos: o tempo.

LEITURA DE OBRA DE ARTE (1ª avaliação)

Fotografias de artistas brasileiros.

(APRESENTAMOS AQUI TRÊS DAS SETE FOTOGRAFIAS TRABALHADAS EM AULA)

"Sem título" - Sebastião Salgado

"Calçada/Manaus" - Jean Manzon

"Sócrates" - Vik Muniz

Seqüência de quadros analisados (leitura de obra de arte) durante as aulas - A CARROÇA DE FENO - John Constable ( clique na imagem para ampliá-la)

O FUZILAMENTO DE 3 DE MAIO DE 1808 - Francisco de Goya (clique na imagem para ampliá-la)

PESCADORES NO MAR - William Turner (clique na imagem para ampliá-la)

"O CASAMENTO DE ISAAC E REBECA" - Claude Lorrain (clique na imagem para ampliá-la)

texto I: APRENDENDO A OBSERVAR - Primeira aula

APRENDENDO A OBSERVAR

(CULTURA E OS MODOS DE VER)

“A experiência é o que nos passa, ou o que nos acontece,

ou o que nos toca. A cada dia passam muitas coisas,

porém, ao mesmo tempo, quase nada passa.” *

Para que tenhamos a possibilidade de que algo se passe e nos toque, alguns aspectos são fundamentais:

° Pensar, olhar e escutar mais devagar;

° Pensar para sentir;

° Sentir mais devagar;

° Demorar-se no olhar, nos detalhes;

° Suspender a opinião, o juízo, a vontade,

o automatismo da ação;

° Cultivar a atenção, a delicadeza;

° Abrir os olhos e sorrir;

° Falar sobre o que nos acontece;

° Aprender a lentidão;

° Escutar os outros;

° Cultivar a arte do encontro;

° Ter paciência;

° Dar tempo e espaço;

“Se você quiser ser inovador, criativo, ter idéias independentes,

aprimore seus sentidos.”

Prof.ª: Analice Pillar (*)