domingo, 22 de janeiro de 2012

.......... Sua vida foi um folhetim, um conto de amor, miséria, morte e salvação. Um artista genial que submerge sob o peso da doença, da pobreza, dependência química, paixão e morte prematura ( aos 35 anos), deixando para trás três vidas arruinadas, uma filhinha de dois anos incompletos e uma esposa, musa e modelo, grávida - que perturbada, suicida no dia seguinte ao de sua morte.


(Jeanne Hébuterne - esposa, musa inspiradora e modelo)

Esta história é verdadeira, seu personagem principal:


AMEDEO CLEMENTE MODIGLIANI

É raríssimo encontrar felicidade nas pessoas inteligentes”
Ernest Hemingway
.......... Via os artistas como seres privilegiados. Aos 17 anos escreveu que, como uma espécie, os artistas tinham direitos e valores diferentes das pessoas normais, das pessoas comuns, e explica: “porque temos necessidades diferentes, que nos colocam acima de [...] padrões morais". Adolescentes hoje acalentam essa possibilidade, Modigliani viveu-a. 
 


.......... Modigliani pintou uma série de aproximadamente trinta nus posando sentados ou deitados. O “Nu rclinado nº3” (acima) é um deles e, ao contrário de outras pinturas, retrata uma desconhecida na flor da juventude, orgulhosa do seu corpo. Modigliani a representa como um objeto de desejo e com uma sexualidade bruta. A modelo encantadora e voluptuosa - ao contrário de suas esculturas que geralmente apresentam os olhos fechados sugerindo meditação sobre as coisas mais elevadas - lança seu olhar emocionalmente sedutor, diretamente para o espectador prometendo-lhe prazeres sem culpa.

 .......... Na Paris de seu tempo, onde chegou em 1906, Modigliani encontra a mistura requintada das vanguardas, como a pintura de Picasso, Braque ( o Cubismo), Utrillo, Kisling, Miró, a literatura de Joyce, Cocteau, Pound, Breton, Hemingway, Zelda e Scott Fitzgerald, Proust e as escultura de Brancusi. A velha e santificada arte no Louvre e o exótico colonial nas coleções de arte africana e cambojana. Na sua produção, essas influências formam camadas sobre sua cultura italiana, o desenho gracioso de Botticelli e os nus de Ticiano e de Giorgione, sua obra é um amálgama do velho e do novo, tradição e vanguarda.
.......... “Modigliani re-humanizou o que Picasso havia desumanizado”, como José Ortega y Gasset argumentou, mais ainda, recusou-se a desumanizar a figura em nome de um rigor formal , para Modigliani a austeridade formal havia sido uma traição do sentimento do ser humano.
.......... Alguns estudiosos sugerem que Modigliani, aterrorizado com uma possível segregação social que resultaria se fosse conhecida sua condição de tuberculoso, doença altamente contagiosa, deliberadamente promoveu sua reputação de alcoólatra inveterado e viciado em haxixe, este subterfúgio permitiu-lhe beber livremente o vinho que acalmava seus acessos de tosse, usar a droga que lhe dava a energia necessária para continuar produzindo – e no final da vida sua produção aumentou – além de fazer passar por embriaguez e desordem mental explosões de irritação e violência, Modigliani aceitou pagar o preço que isso exige. Este raciocínio nos faz substituir o mito popular do gênio maldito e incompreendido que produz uma arte fantástica apesar de tudo, pela imagem de um artista que percebeu seu destino e tomou medidas calculadas para proteger e prolongar sua vida. Até onde esta imagem do artista é válida continua a ser a grande questão.
.......... A "modernidade" peculiar de Modigliani fica evidente nas técnicas de composição de seus retratos únicos e arrojados, por isso é impossível confundi-lo com outro artista. Por não ter tido "escola" jamais teve herdeiros artísticos, sua contribuição à arte se encontra em sua absoluta individualidade.

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