quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

ALBERTO GIACOMETTI


O escultor e pintor Alberto Giacometti nasceu na Suiça na cidade de Stampa, em 1901 e faleceu em Chur, também na Suiça, em 1966. Foi o mais ilustre dos escultores surrealistas, sua obra percorreu a escultura, a pintura e a cenografia. Seu pai, o pintor, Giovanni Giacometti, o estimulou em sua inclinação para as artes matriculando-o na Escola de Artes e Ofícios de Genebra.
Em 1922 vai para Paris onde estuda com Émile-Antoine Bourdelle na Academia de Chaumire Grande.
Na capital francesa faz contato com o cubismo, entre 1925 e 1929, e a semelhança com objetos reais desaparece de sua obra.
No início dos anos 30 tem contato com o grupo surrealista e adota sua estética. Em suas obras desse período, reconhece a idéia surreal do simbolismo dos objetos, passando a criar esculturas-objetos.
Rompe com o surrealismo em 1935 e começa a se concentrar em obras baseadas em modelos humanos, recupera a capacidade expressiva da imagem e do objeto, acompanhando a tendência neo-figurativa que, neste período, marca o percurso criativo de vários artistas.
O abandono do surrealismo e o retorno à arte figurativa são o princípio da chegada de Giacometti ao seu estilo, desenvolvido desde o início da década de 1940, mais característico, esta representação do corpo humano marca também o período mais original de Giacometti.
Durante a Segunda Grande Guerra, refugiou-se e conheceu sua futura esposa Anette, com quem se casariam em 1949, e se seguiria a fase mais produtiva de sua carreira. Aparecem então as figuras humanas alongadas e afiladas, de aparência nervosa, muito magras e de superfície áspera, muitas vezes o tamanho natural, outras monumental e outras ainda, minúsculas miniaturas. Representadas isoladamente ou em grupos, estas obras fazem de Giacometti um dos artistas mais originais do século XX.




Também na pintura, onde as suas obras são caracterizadas por rígidas figuras frontais, simbolicamente, isolado no espaço representando a solidão e o isolamento.
(clique na imagem para ampliá-la)

A recorrência desses temas e das soluções plásticas adotadas resulta de um posicionamento teórico identificado com a filosofia existencialista, criada por Sartre, que reconhece na obra de Giacometti algumas de suas idéias, escreve sobre isso e torna-se seu amigo.



O existencialismo na obra de Giacometti traduz-se numa essencialidade e numa repetição dos meios expressivos e dos gestos formais, que imprimem à figura humana uma significação fundamental: uma linha vertical confrontando com a horizontalidade do mundo. A deformação dramática das proporções, o alongamento das formas e a manipulação da superfície e da textura acentuam a materialidade dos objetos e a capacidade expressiva e poética da obra de arte. As personagens, isoladas ou em grupos, exprimem um sentido de individualismo e de descontextualização, acentuado pela própria escala - tamanho natural, monumental ou miniatura - das esculturas.
Embora seja possível enquadrar as primeiras produções artísticas nas tendências impressionista, cubista e surrealista, torna-se difícil a classificação ou a inserção da obra tardia de Giacometti de caráter marcadamente pessoal, num movimento artístico definido.
A obsessão pela representação da figura humana revela-se também na sua produção pictórica e nos seus desenhos, onde a linha assume uma grande expressividade e liberdade na caracterização das formas e dos volumes.
Amigos e familiares de Giacometti foram os seus principais modelos, seu irmão Diego, posou para várias esculturas, pinturas e desenhos.


Entre suas criações mais conhecidas figuram Torso (1925), A Mulher-colher (1926), Objeto desagradável (1932), Mulher com sua garganta cortada (1932), O palácio às quatro da manhã (1932), Nariz (1947), Homem Caminhando (1947), O Cão (1951), Grande Mulher IV, Figura Alta II e Figura Alta III (1960).

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TARSILA DO AMARAL

Tarsila do Amaral participou da renovação da arte brasileira e da construção da brasilidade que se processou na década de 1920. Com Anita Malfatti, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade, com quem se casou em 1924, formou o chamado Grupo dos Cinco.

Tarsila nasceu em Capivari SP em 1886. Estudou com Pedro Alexandrino, a partir de 1917, e depois com George Fischer Elphons, em São Paulo. Em Paris freqüentou a Académie Julien, sob a orientação de Émile Renard. Entrou em contato com Fernand Léger, cujo estilo a marcou, André Lhote e Albert Gleisse, e estruturou sua personalidade artística a partir das influências cubistas. Em 1922 participou em Paris do Salão dos Artistas Franceses.

Retornando ao Brasil em 1924, percorreu as cidades históricas mineiras em companhia do escritor francês Blaise Cendrars. Deslumbrada com a decoração popular das casas dessas cidades, assimilou a tradição barroca brasileira às recém-adquiridas teorias e práticas cubistas e criou uma pintura que foi denominada “Pau-Brasil”. Essa pintura inspirou um movimento, variante brasileira do cubismo, que, entre outras coisas, influenciou Portinari.
Em 1926 Tarsila expôs na galeria Percier em Paris. Iniciou-se então sua fase antropofágica ( O movimento antropofágico foi uma reação à influência da cultura européia, buscando significações iconográficas nacionais, Brasil, sua gente e suas cores, para a edificação da autêntica arte brasileira), de retorno ao primitivo, da qual o principal exemplo é o quadro "Abaporu". Presente na I e II Bienais de São Paulo, foi premiada na primeira. Na Bienal de São Paulo de 1963, sala especial foi dedicada à retrospectiva de sua obra. Foram apresentadas suas diversas fases e deu-se destaque ao quadro "Operários" (1933), da fase social, em que as cores são mais sombrias, mas a nitidez anterior é conservada.

Tarsila esteve ainda representada na mostra Arte Moderna no Brasil (1957), na XXXII Bienal de Veneza (1964) e na mostra Arte da América Latina desde a Independência (1966). Em 1960 o Museu de Arte Moderna de São Paulo organizou retrospectiva de sua obra. Entre suas demais telas destacam-se "A Negra" (1923) - retrato de uma antiga ama de leite (fotos abaixo) ícone do modernismo brasileiro. 


 


 Tarsila faleceu em São Paulo SP em 17 de janeiro de 1973.



















domingo, 5 de fevereiro de 2012

CULTURA CONTEMPORÂNEA - ARTE CONTEMPORÂNEA

CULTURA CONTEMPORÂNEA
Profª. Dra. Maria Helena Pires Martins

As novas eras não começam de uma vez
Meu avô já vivia num novo tempo
Meu neto viverá, talvez, ainda no velho
A nova carne é comida com velhos garfos
Os automóveis ainda não havia
Mas também não havia tanques
Os aviões não cruzavam os céus
Mas não havia bombardeios.
Das novas antenas chegam velhas tolices
A sabedoria ainda é transmitida de boca em boca.
“As novas eras”
Bertolt Brecht – Poemas 1913-1956

...........A cultura contemporânea, também chamada de pós-moderna, caracteriza-se pela flexibilização das fronteiras entre erudito e popular, tradição e novidade, cultura letrada e cultura oral, cultura regional e cultura global, cultura dominante e cultura dominada. Caracteriza-se também pela fragmentação entre múltiplas afiliações, preferências, papéis sociais, etnias, gêneros e assim por diante.
..........A cultura do livro, da leitura de um texto, que demanda um tempo de trabalho visando à compreensão das idéias do autor, um tempo emocional para entrar no universo aberto pela história e pela temática, vem sendo substituída pela cultura que se poderia chamar de audiovisual: em parte, uma cultura oral, passada de boca em boca, comentada em cada esquina, repetida por muitos; em parte, uma cultura visual, da imagem. Esse modo cultural contemporâneo é sustentado pelo entretenimento, pela publicidade, mas também pela moda, que oferece, com rapidez, aquilo que se poderia desejar sem demandar grandes esforços. Por exemplo, no videoclipe, o que importa é que nos entreguemos ao desfile de imagens e sons, às eventuais emoções que eles possam suscitar, sem precisar procurar um fio narrativo ou tentar estabelecer ligações de sentido entre letra, imagem e som.
..........A cultura do entretenimento, ao oferecer o mundo como espetáculo constante, a ser consumido e descartado a cada novo momento, propicia a falta de reflexão, a imitação de padrões às vezes inadequados às necessidades sociais do grupo ou pessoais, a confusão entre realidade e ficção. Como exemplo, podemos citar a eleição a cargos públicos de tantos profissionais do entretenimento, sejam eles cantores, atores de cinema, ou apresentadores de programas sensacionalistas de rádio ou de televisão, como o caso de Afanásio Jazadi (eleito deputado estadual por São Paulo em 1986) que se promoveu à custa de exibir o mundo do crime.
..........A publicidade também projeta, por meio de imagens e trilhas sonoras, aquilo que gostaríamos de ser, mesmo que não o sejamos. Sempre se pode usar o produto, em lugar da qualidade anunciada. E, nessa tarefa, a moda também ajuda a projetar a imagem que se faz de si mesmo ou que gostaríamos que os outros fizessem de nós. O que não se pode esquecer, entretanto, é que a imagem, apesar de mais concreta do que a palavra, é certamente mais ambígua, e seu sentido precisa ser interpretado com cuidado. A imagem se apresenta no espaço e pode ser percebida em um relance, em um instante. Entretanto, para que sua leitura seja mais completa e profunda, precisamos de tempo para analisá-la. Quais são os valores que a imagem projeta? Que elementos ali presentes compõem a mensagem? Como eles se articulam entre si, ou com os textos verbal e musical? O que dizem do contexto de produção? Como se ligam ao contexto de consumo?
..........A cultura contemporânea é plural, oferece inúmeras possibilidades de identificações diferentes, simultâneas ou não. Será ela, contudo, mais democrática? Ou será que só cria a ilusão de inclusão, de permissão de múltiplas escolhas? Devemos sempre nos lembrar que, para escolher livremente, precisamos conhecer as alternativas e o que elas significam em termos de direitos, deveres e conseqüências.

Tudo é Cultura?

...........Sim e não, dependendo de usarmos o conceito amplo de cultura ou o conceito restrito. Considerando, em primeiro lugar, o conceito amplo ou antropológico, cultura é o modo como indivíduos ou comunidades respondem às suas próprias necessidades e desejos simbólicos. O ser humano, ao contrário dos animais, não vive de acordo com seus instintos, isto é, regido por leis biológicas, invariáveis para toda a espécie, mas a partir da sua capacidade de pensar a realidade que o circunda e de construir significados para a natureza, que vão além daqueles percebidos imediatamente. A essa construção simbólica, que vai guiar toda ação humana, dá-se o nome de cultura.
...........A cultura, nesse sentido amplo, engloba a língua que falamos, as idéias de um grupo, as crenças, os costumes, os códigos, as instituições, as ferramentas, a arte, a religião, a ciência, enfim, toda as esferas da atividade humana. Mesmo as atividades básicas de qualquer espécie, como a reprodução e a alimentação, são realizadas de acordo com regras, usos e costumes de cada cultura particular. Os rituais de namoro e casamento, os usos referentes à alimentação (o que se come, como se come), o preparo dos alimentos, o tipo de roupa que vestimos, a língua que falamos, as palavras de nosso vocabulário, tudo isso é regulado pela cultura à qual pertencemos. A função da cultura é tornar a vida segura e contínua para a sociedade humana. Ela é o "cimento" que dá unidade a um certo grupo de pessoas que divide os mesmos usos e costumes, os mesmos valores.
Deste ponto de vista, portanto, podemos dizer que tudo o que faz parte do mundo humano é cultura.
..........Devemos falar de uma só cultura ou de muitas culturas? Mesmo dentro de um país, existe uma cultura homogênea, ou várias culturas que se sobrepõem, coexistindo lado a lado?
Na verdade, basta olhar ao nosso redor para sabermos que há muitas culturas dentro de cada país. No caso do Brasil, temos contribuições culturais da colonização pelos portugueses, dos povos indígenas que habitavam estas terras, dos africanos que foram trazidos como escravos, dos imigrantes italianos, alemães, japoneses, coreanos. O que mantém a unidade, entretanto, entre essas várias culturas é a ocupação de um mesmo território, o uso da mesma língua, o compartilhamento de uma mesma história nacional.
..........É possível, entretanto, falar também de cultura caipira, cultura rural, cultura sertaneja, cultura urbana, cultura nordestina, cultura paulista, cultura carioca e assim por diante, apenas considerando a diversidade geográfica do país e os diferentes tipos de vida de cada um desses grupos.
..........É só comparar a cultura do Rio Grande do Sul com a do Amazonas para sabermos que as diferenças também são imensas. Do ponto de vista geográfico, o estado do Rio Grande do Sul é dominado pelos pampas, ou seja, por grandes planícies de vegetação rasteira, adequadas para a criação de gado em grandes fazendas. O clima é subtropical, com quatro estações bem demarcadas. O tipo de ocupação dessas terras dá origem à cultura gaúcha, da qual fazem parte o chimarrão, a bombacha, a chimarrita, o churrasco feito a céu aberto, um vocabulário adequado às necessidades e tradições da região. Essa cultura, ainda hoje, é preservada nos Centros de Tradição Gaúcha, que se encarregam de transmiti-la a crianças e jovens, mantendo-a viva no cotidiano de seu povo.
..........Na Amazônia, ao contrário, a presença da floresta, dos grandes rios e dos igarapés, das várias tribos indígenas levam ao florescimento de uma outra cultura, mais ligada ao modo de vida ribeirinho, dependente da pesca e da coleta. As histórias, as festas, os mitos fazem menção aos animais da floresta que trazem sorte ou azar, mesclando-os a personagens da corte portuguesa.




"CELACANTO PROVOCA MAREMOTO" (*)


A melhor maneira de contemplar a
natureza é de cima de uma bicicleta” (**)
Marilyn Monroe

.......... A manifestação artística sempre se realiza no imaginário de seu momento histórico, está sempre condicionado pelas idéias de uma época e de um espaço e configura-se a partir da autonomia de diversos campos do saber. A arte do século XX, rompendo com a tradição clássica, investiu na racionalização - utópica, futurista, funcional etc.- do mundo tentando se distanciar do ecletismo do século XIX . A arte contemporânea, também chamada pós-moderna, vai se diferenciar por preferir formas lúdicas, disjuntivas, subjetivas, ecléticas e fragmentadas, combinando, mesclando, se apropriando e re-apropriando da banalidade, do desejo, da mediocridade como valor e ideologia, chegando ao extremo - heterogeneidades, contradições, transitoriedades, aleatoriedades - com o advento da arte digital.

.......... A arte contemporânea deixou de ser uma produção experimental condicionada à produção de objetos, para assumir proposições estéticas de vivências, para quem produz arte hoje às fronteiras técnicas são irrelevantes, inclusive incorporando demandas da pintura, não a pintura como suporte, tinta sobre tela, nem pintura enquanto paradigma estético, mas se apropriando de questões formais da pintura, como perspectiva, frontalidade etc.- que hoje são pensadas como caminho e não como objetivo - e as utilizando como meio, método, metáfora ou suporte. Por exemplo, recentemente certa artista produziu um vídeoarte em que aparece pintando o próprio rosto com o sangue da menstruação; outro produziu líquidos coloridos para beber, pintura para beber, por assim dizer. Portanto, a pintura também se encontra presente na arte contemporânea ainda que de outra maneira.

.......... A arte contemporânea lida com muitas referências, tudo é matéria para ela, a história, a política, a filosofia, a ciência, a moral, a poética da linguagem ou qualquer outra área do conhecimento. As novas (e novíssimas) possibilidades tecnológicas e midiáticas interessam os artistas contemporâneos (fotografia e cinema digital, TV de alta definição, vídeo, computadores, redes de comunicação etc). Recombinações sucessivas, territorialização e desterritorialização, ressignificação, alargamento de fronteiras, representação visual pelos meios mecânicos, analógicos e digitais, hibridação de gêneros (espaço, tempo e corpo) e poética, produziram uma grande babel conceitual. Cada vez mais coisas são exigidas para seu entendimento, talvez este seja o motivo que a afasta do público (herança da arte conceitual?), mas, paradoxalmente, cada vez mais pessoas estão interessadas em saber sobre arte contemporânea. A internet, a circulação de informação que ela promove, a acessibilidade a museus e galerias de todo o mundo, a presença de jovens artistas na rede e a possibilidade de lidar diretamente com eles, tem estabelecido um novo parâmetro de relação criador/espectador e promovido uma nova dinâmica no entendimento da arte contemporânea.

.......... “Múltiplos” é um termo utilizado a partir da década de 1960 para designar trabalhos artísticos criados para serem reproduzidos. Ao contrário da gravura e da escultura, cujas cópias são executadas a partir de uma matriz feita pelo próprio artista, os múltiplos, realizados em geral com materiais e processos industriais, se originam de um protótipo, de um projeto ou de instruções apresentados pelo autor da obra.

.......... Múltiplos são réplicas de objetos, reproduzido em determinada quantidade, mas que contém o conceito autoral. Este aspecto, o da réplica, tem aumentado muito na arte contemporânea. O princípio norteador deste tipo de (re)produção é o da disseminação da obra de arte, tornando-a, pelo procedimento da multiplicação, um bem acessível a um público mais numeroso, além da atitude crítica do valor atribuído a um objeto de arte por sua condição de singularidade, de obra única, destinada apenas a colecionadores ou aos museus.

.......... Marcel Duchamp foi pioneiro criando a serie “Boîte en valise”, que consistia de malas ou pequenas caixas com reproduções em miniatura de sua própria obra. Nos anos 60 e 70, o grupo Fluxus criou objetos e múltiplos que alteraram as relações com o objeto na arte, possibilitando a divulgação em massa de conceitos artísticos. Os múltiplos de arte Fluxus eram para ser tocados, pegados, montados, quebrados, comprados e levados para casa, esta acessibilidade ao objeto artístico abriu a possibilidade a todos de vivenciar a arte, recurso muito utilizado na arte contemporânea. Foram os integrantes do grupo Fluxus os impulsores da criação da arte postal, estabelecendo diálogos sem fronteiras, cuja idéia central era o grupo, não no sentido tradicional em que o grupo trabalha junto de acordo com estruturas ideologicamente estritas, mas, ao contrário, aberto à vida, à diversidade, a todas as culturas e formas de pensamento.

.......... A Arte Postal (Mail Art), tendência da Pop Art originada em meio à “Guerra Fria” e a “Ditaduras” como alternativa ao monopólio do mercado de artes, formalmente estabelecida (1968) por Ray Johnson - que rompe com o conceito de privacidade nas correspondências - e sua “Escola de Arte por Correspondança” ( New York Correspondance School of Art). Manifestação internacionalista, anárquica (onde a única regra é a não existência de regras) e “marginal” por excelência - e só tem sentido nesta sua condição “alternativa” – que se caracteriza fundamentalmente pela total liberdade de expressão e pelo conceito de comunicação não destinada ao consumo. Inaugurando um universo onde tudo é permitido e encantador justamente por permitir o livre trânsito de qualquer cidadão do mundo, de tornar factível um mundo sem fronteiras através da comunicação de pessoas culturalmente diferentes, mas próximas nas idéias. O que importa não é a fama, não é a arte enquanto produto “vendável”, mas sim o que há de mais importante na expressão artística: o comunicar, a aproximação de seres humanos, livres do individualismo e da competição,

.......... O movimento consiste em redes de troca de mensagens criativas utilizando o sistema de correios, mais atualmente o correio eletrônico, para sua veiculação. Manifestação eminentemente libertária em sua essência, onde não há julgamento nem premiações, totalmente independente de críticos, curadores, salões, bienais, galerias, mercado, onde todo tipo de imagem / ícone ( pinturas, fotografias, desenhos, carimbos, selos, adesivos, envelopes, colagens ou composições ) são admitidas. É praticada por pessoas de todas as atividades (artistas plásticos - renomados ou anônimos -, professores, fotógrafos, pintores, desenhistas, ilustradores, arquitetos, poetas, escritores etc.) que encontraram nesta forma de arte, uma maneira particular e especial de expressão e tem logrado encurtar as distâncias entre povos e países, proporcionando intercâmbio e circulação de conceitos, manifestos, informações, protesto e denúncia. As ações de guerrilha cultural (a 1ª Exposição Internacional de Arte Postal no Brasil - Recife,1975 - foi fechada pela ditadura militar) das alternativas apresentadas pela arte postal - incluindo o lançamento de falsas vanguarda artística (“Ismo” nos anos 70 e o “Neo-ismo” nos anos 80 anos)- foram usados para rir do mundo.

.......... Apesar de atemporal, contemporânea e experimental; de promover a ampliação da visão de mundo, surpreender e humanizar; de ser universalmente solidária às minorias, contextualizada, desenvolvida - individualmente ou em grupo - por artistas de todo mundo visando o intercâmbio de criação através do correio, a arte postal (mail art) ainda permanece ignorada pela maioria das pessoas, por isso aqui estamos nós.

CADU
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(*) Grafite dos muros de Ipanema (1977) que se espalhou pelo Rio de Janeiro chegando à América do Norte e Europa. Ainda hoje seu significado e propósito são nebulosos. Conta a lenda urbana que a origem da frase estaria no seriado National Kid (anos 60), num dos episódios de “National Kid contra os Seres Abissais”, Dr. Sanada, personagens maléfico, diz: "Não se aventurem nas profundezas dos oceanos. O celacanto quando se enfurece emite grandes ondas de ódio".


(**) Frase “atribuída” a Marilyn Monroe criada pelo poeta Herberto Helder

ALEXANDRE VOGLER



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"A IMAGINAÇÃO TUDO ADMITE,
MESMO O IMPOSSÍVEL"


.......... O mundo greco-romano diferenciava o mundo visível, o das aparências, do mundo divino, sublime, idealizado, das formas perfeitas, que só podia ser espreitado através da matemática e da lógica. Conceitos eram revelações divinas sobre o que o mundo realmente era, o que levava os pensadores a procurar as “idéias” que derivavam daquelas formas.

.......... Na Idade Média a nova “verdade” passou a ser a proveniente dos textos e livros sagrados da bíblia judaico-cristã não necessitando de provas físicas, materiais, “reais”.

.......... Na Renascença, pensadores europeus começaram a acreditar mais nos próprios olhos e faculdades intelectuais do que nos textos “sagrados”. Deus perde o lugar para o homem que passa a ser a medida para todas as coisas. Superstição e tradição superadas pela racionalidade e pelo método científico. A ciência, como uma prática da experimentação de hipóteses, passa a ser considerada o único meio de progresso da sociedade e instrumento do domínio do homem sobre a natureza.

......... Mesmo com o método científico e toda racionalidade não se consegue apreender as coisas como elas “realmente” o são, o sujeito está sempre condicionado pelas idéias de uma época e de um espaço. Como acreditar na validade de verdades universais únicas se há tanta diversidade cultural no mundo, no tempo e no espaço? No modernismo a solução é simplesmente negar que as mudanças que ocorrem sejam importantes, não afetando seus princípios científicos básicos.

......... A modernidade confiava que a ciência nos conduziria ao caminho do progresso, a pós-modernidade questionava se a ciência sozinha poderia realmente nos levar até ele.

......... A modernidade criava alegremente invenções e tecnologias para supostamente melhorar nossas vidas e o mundo.

......... O pós-modernismo aceita e cultiva a diferença, a mudança, o relativismo e a complexidade, o que seria uma tentativa de conviver, sem muito preocupar-se, com a permanência daquela relatividade de crenças e valores.

........ O sujeito pós-moderno se pergunta se a vida melhorou com os aparelhos e técnicas inventados. A poluição ambiental, a sistemática destruição e dilapidação de recursos naturais renováveis são sintomas de que algo não ia bem com as ideologias da modernidade. O pós-modernismo olha para os grandes acontecimentos sociais do século XX e não vê nenhum progresso social nos nacionalismos, nos totalitarismos, na tecnocracia, no consumismo e nas guerras modernas, que na verdade se constituíram em maneiras mais eficientes de mecanizar e desumanizar nossas vidas. Como o Holocausto, eficiente, técnico, racional. A pós-modernidade rejeita a visão idealizada e estática da verdade, sustentando ao contrário uma noção de verdade dinâmica, mutante, e condicionada por tempo, espaço e perspectiva, celebrando a efemeridade, a diversidade e a relatividade do conhecimento, de crenças e de valores humanos.

......... Típico do pensar pós-moderno a pluralidade de perspectivas, sentidos, métodos, valores; a procura e a apreciação de duplos sentidos e interpretações não-consensuais, às vezes irônicas, às vezes cômicas, sarcásticas; desconfiança e atitude crítica em relação às grandes narrativas que se propõe a explicar tudo o que acontece no universo, incluindo-se aí as grandes teorias científicas, e os mitos religiosos, nacionais, culturais e profissionais que também tentam explicar o porquê das coisas; e a aceitação de múltiplas verdades e modos de conhecer o universo, devido às múltiplas perspectivas inerentes ao pensar humano. Assim, a meta do pensamento pós-moderno não é o mesmo da modernidade ( a utopia de poder explicar, predizer e controlar uma realidade), mas sim a de interpretar, apreciar e usufruir, por múltiplos sentidos, diversas versões de realidade, sem tentar corrigi-la.

..... A pós-modernidade como configuração cultural e ideológica:
..... a) fim da crença cega na racionalidade científica, na concepção única de progresso;
..... b) abandono das teorias empíricas de representação e verdade;
..... c) crescente ênfase na importância do inconsciente do sujeito;
..... d) a intrínseca polissemia (muitos significados) dos signos e imagens;
..... e) a pluralidade de pontos de vista.

......... Uma das características do pensar pós-moderno é sua recusa em aceitar explicações totalizantes ou essencialistas, com sua insistência em uma só verdade referencial, na cientificidade baseada em leis universais e na crença que estamos continuamente em progresso.

......... O pós-modernismo está comprometido com modos de pensar e representar que enfatizam fragmentações, descontinuidades e aspectos incomensuráveis de um dado objeto, favorecendo análises que enfatizam a montagem ao invés da perspectiva, a intertextualidade (superposição de um texto literário a outro) ao invés da referencialidade, as parcialidades ao invés de totalidades abrangentes.

......... Grande liberdade de significação em relação aos seus objetos de estudo, assim como também mostram uma acentuada predileção pelo excesso, pelo jogo, pela mudança, pelo complexo, pelo contraditório e pela ambigüidade, sem a menor preocupação por negar teorizações anteriores ou a “realidade” estereotipada e aparentemente imutável cultivada pelo senso comum.

......... O processo retórico de mistura/hibridação (a mixagem inclusivista) na produção de representações de muitas mídias visuais da contemporaneidade constitui-se num dos mais importantes traços de pós-modernidade.

........ O sujeito contemporâneo das grandes cidades está submetido diariamente a uma avalanche de representações visuais, da publicidade e da propaganda, difundidas pelas mais diversas mídias visuais (cinema, TV, outdoors, cartazes, faixas, jornais e revistas, livros e folhetos, páginas da web) com as quais se relaciona com familiaridade e regularidade.

......... Muitas dessas representações se apresentam seguindo tendências e características visuais ditas pós-modernas por utilizarem em seu design características muito especiais (heterogeneidades, contradições, transitoriedades, aleatoriedades) que rejeitam lemas tradicionais do modernismo visual, tais como less is more (menos é mais), form follows function (a forma acompanha a função, a forma do objeto deve ser baseada em sua função, sua finalidade.), ornament is crime (ornamentação é crime (um crime desperdiçar o esforço para adicionar ornamentos que faria com que o objeto logo saia de moda), legibility always come first (a legibilidade, qualidade do que é legível, vem sempre primeiro).

......... Mudanças não param de acontecer no sujeito e contexto sociocultural, suas crenças e seus valores seguidamente entram em contradição, o que o torna um sujeito en procès (em julgamento / em mudança), não mais se sustenta a ilusão modernista do sujeito indivisível e imutável, totalmente em controle de seus atos e hábitos, o indivíduo cartesiano sustentado pela inabalável permanência e universalidade de seus valores, idealizado pelo racionalismo europeu.

........ Devido às mudanças que estão sempre ocorrendo no entorno econômico e sócio-cultural o sujeito da pós-modernidade é um ser mutante, inseguro, cético e descrente do sujeito contemporâneo, em contradição com relação aos seus princípios e valores bem como aos modos técnicos de produção. O artista, um ser inquieto que a todo instante encontra chances de mudar as regras de composição, jogando com as mais diferentes representações de realidade propiciadas pela manipulação transgressiva da linguagem, sem ter que obedecer a regras fixas, pelo simples prazer de mudar, sem ser penalizado pelos discursos fundamentalistas das instituições mais antigas e conservadoras.

IMAGENS "PÓS-MODERNAS"

......... Muitas das representações imagéticas com que nos deparamos nas mídias visuais atuais apresentam peculiaridades que são decorrentes de estratégias pós-modernas de significação. Essas estratégias pós-modernas continuam a transgredir convenções, normas, regras, algumas tradicionais, outras mais recentes, buscam ironizar a busca do novo a todo custo, proposta pela vanguarda, desconstroem, através de pastiches e simulacros, regras e slogans de modernistas.

......... Entre as principais estratégias destaca-se, a da Hibridação*, muito utilizada atualmente pelas representações visuais.

* Hibridação - (mistura) - híbrido resulta do casamento
entre progenitores de espécie próxima, mas não a mesma.

......... Mistura de elementos visuais heterogêneos, que normalmente não apareceriam juntos numa mesma representação clássica ou moderna, devido à convenções e regras estilísticas (onde o ecletismo é mal visto). maneira mais direta da pós-modernidade expressar sua rejeição à qualquer regra excludente, à qualquer tentativa de hierarquização, à toda e qualquer noção preconceituosa de pureza a maneira mais direta da pós-modernidade expressar sua oposição a toda e qualquer regulamentação que pretenda proibir, impedir, excluir a agregação de quaisquer elementos nas manifestações visuais contemporâneas.

......... Imagens que produzem a hibridação articulam a mistura e a combinação das mais distintas possibilidades de comunicação, numa única representação, mixagem de fotos com desenhos, ou com impressos, ou com gravuras, ou com tipografia, ou com escrita manual, ou com pintura, ou com filmes, ou com vídeogravações, ou com grafismos superpostos, o exemplo as HQ com as suas onomatopéias gráficas e suas misturas de signos verbais e visuais com a interferência e mistura de desenhos “vulgares”, dispostos em seqüências narrativas muito irregulares, que supostamente “poluem” as mensagens verbais.

........ Artistas que combinam grafismos com estímulos sensoriais distintos dos visuais (sonoros, tácteis, olfativos, gustativos, sinestésicos). Imagens produzidas fora de suportes convencionais, paredes de imóveis, veículos, com ou sem a autorização dos seus proprietários (grafite). Mistura ou hibridação de gêneros visuais, desenho animado intercalado ou fundido com filmagem normal (Uma cilada para Roger Rabbit, um Detetive (ator) é contratado para descobrir o que está acontecendo com um coelho desenhado Roger Rabbit, acusado de um crime, se apaixona por Jessica, um personagem desenhado também); jornal com vídeo, pintura com fotografia, tipografia com desenho, hibridação de processos opostos de produção de imagens analógico e digital, também típicas de sites na web, que caracterizam a tela dos computadores como suporte de representações pós-modernas, representações que misturam ou hibridizam diferentes estilos e tempos históricos, diferentes tipos de narrativas e diferentes tipos de fantasias, imagens atemporais e cléticas, ou kitsch.

........ O telefone doméstico se transformaria numa mistura complexa de telefone portátil, receptor de rádio AM/FM, tocador/produtor de gravações digitais musicais ou faladas, câmera de vídeo, câmera fotográfica, relógio digital, agenda pessoal, correio e objeto de desejo. A imaginação tudo admite, mesmo o impossível.



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28a Bienal Internacional de Arte de São Paulo

Caroline da Mota, 23 anos, foi presa no dia 26 de outubro de 2008, por ter participado da invasão ao prédio onde acontecia a 28.ª edição da Bienal com outras 40 pessoas e pichado as paredes internas do 2° piso do prédio, andar vazio da mostra, espaço aberto a intervenções artísticas livres. Como não tinha renda, endereço fixo nem ocupação definida, ficou na cadeia por quase dois meses. O fato gerou várias manifestações e reativou a polêmica sobre o acesso à justiça pelos mais pobres, com a inevitável comparação aos casos de crimes de "colarinho branco", nos quais cidadãos mais abonados respondem a seus processos em liberdade. O ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), Paulo de Tarso Vannuchi, disse, durante a 11ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos, em 15 de dezembro, que compara o caso do banqueiro Daniel Dantas com o de Caroline:

“A jovem está presa há 50 dias por ter pichado uma sala da Bienal, Daniel Dantas ficou preso por muito menos tempo”, afirmou o ministro.

Também o ministro da Cultura, Juca Ferreira, pediu a liberação da moça, considerando a desproporcionalidade entre o delito e a punição – embora se declare contra a pichação.

Caroline da Mota passou 50 dias na Penitenciária Feminina Sant’Ana, no Carandiru, depois de três dias no 36º Distrito Policial, localizado no bairro do Paraíso, em São Paulo. Foi libertada em 19 de dezembro de 2008, por determinação do Tribunal de Justiça de São Paulo. Em liberdade provisória, deve aguardar o julgamento do mérito do habeas-corpus, em audiência marcada para o dia 17 de fevereiro de 2009. Foi denunciada pelo Ministério Público sob a acusação de associação a milicianos para destruir as dependências de prédio público, isto é, formação de quadrilha e deterioração ou destruição de bens protegidos por lei. Se condenada, poderá ficar presa entre um e dois anos, estando ainda sujeita ao pagamento de multa.

Ataque ao Cristo Redentor

Na madrugada de 15 de Abril de 2010, o monumento do Cristo Redentor, uma das novas sete maravilhas do mundo, foi vandalizada por pichadores . Os pichadores Aids, Zabo e Lub da Gangues DP (Dopados e Perversos) e I (Irreverentes), da zona oeste, reivindicaram a autoria das pichações. No momento do vandalismo, as câmeras de segurança estavam desligadas , e por conta das chuvas, o monumento ficou isolado após deslizamentos interditarem o bondinho do Corcovado e as principais vias que levam à estátua. O monumento vinha passando em uma reforma e os pichadores usaram os andaimes para chegar até o topo. Em 1991, pichadores de São Paulo já haviam atacado o Cristo de uma forma mais sutil em seu rodapé.

Os pichadores fizeram uma espécie de protesto e colocaram em pauta o caso de uma engenheira chamada Patrícia que teve uma estranha morte e que até hoje não foi solucionada.

Ao se entregar, o pintor de paredes Paulo Souza dos Santos, de 28 anos, afirmou que não esperava que seu ato ganhasse tanta repercussão: “Foi só um protesto para alertar sobre pessoas desaparecidas”, tentou justificar.

Formação de quadrilha em Belo Horizonte

Em Belo Horizonte, a prisão preventiva de um grupo de cinco pichadores (Goma, Lic, Sadok, Fama e Ranex) autodenominados "Os Piores de Belô" causou grande repercussão, no dia 24 de agosto de 2010, em virtude de terem sido indiciados pela prática de formação de quadrilha, crime com pena cominada de 1 a 3 anos de reclusão (Código Penal, art. 288). A linha dura com os pichadores na capital mineira ocorre em função do trabalho conjunto da Polícia Civil, Prefeitura (que criou o Movimento Respeito por BH), Ministério Público, Judiciário e órgãos da Defesa Social, todos focados na limpeza estética da cidade para receber jogos da Copa do Mundo de 2014. Tal ato gerou manifestos pedindo a liberdade dos Piores de Belô.

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PROJETOS PARA TRABALHOS PRÁTICOS EM CULTURA CONTEMPORÂNEA

P R I M E I R O    S E M E S T R E
PROJETO DE ARTE POSTAL (MAIL ART)

Convocatória:
“ RUA: POÉTICA, CONVÍVIO, VIVÊNCIA, CONVIVENCIA”
"Toda a imagem é metade de quem
a produz e metade de quem a vê."
Montaigne (parafraseando)

Justificativa:
Apesar de atemporal, conceitual, experimental e contemporânea; de promover a ampliação da visão de mundo, surpreender e humanizar; de ser universalmente solidária às minorias, contextualizada, desenvolvida - individualmente ou em grupo - por artistas de todo mundo, visando o intercâmbio de criação através do correio, a arte postal (mail art) ainda permanece ignorada pela maioria das pessoas. Esta oficina se propõe pela prática, tornar mais conhecida esta manifestação plástica.


Histórico:
A Arte Postal (Mail Art), tendência alternativa da Pop Art, originada e formalmente estabelecida (1968) por Ray Johnson e sua Escola de Arte por “Correspondança” ( New York Correspondance School of Art ), se caracteriza fundamentalmente pela total liberdade de expressão e pelo conceito de comunicação não destinada ao consumo. O movimento consiste em redes de troca de mensagens criativas utilizando o sistema de correios para sua veiculação. Manifestação eminentemente libertária em sua essência, onde não há julgamento nem premiações, totalmente independente de críticos, curadores, salões, bienais, galerias, mercado, onde todo tipo de imagem / ícone ( pinturas, fotografias, desenhos, carimbos, selos, adesivos, envelopes, colagens, folhetos ou composições ) são admitidas, é praticada por pessoas de todas as atividades (notadamente, professores, artistas, pintores, desenhistas, ilustradores, arquitetos, poetas, escritores etc.) e tem logrado encurtar as distâncias entre povos e países, proporcionando intercâmbio e circulação de conceitos, informações, protesto e denúncia.

Dinamizador: Prof. Carlos Cruz e Profª. Sabina Aguiar
Objetivos gerais:
 conhece manifestações em arte postal (mail art) no contexto histórico cultural;
 compreende os desdobramentos dessas manifestações na atualidade;
Objetivos específicos:
 valoriza o uso da técnica da fotografia na linguagem da arte postal;
 experiencia a construção de postal e utilizar esse meio de comunicação.
Público alvo:
Alunos de Artes Plásticas do 2º ano do Ensino médio do C.E. Herbert de Souza
Período:
Primeiro semestre de 2012
Local:
C.E. Herbert de Souza
Desenvolvimento:
 apresentação expositiva, pelo professor dinamizador, de painel geral sobre a arte postal ( mail art );
 apresentação e análise de trabalhos de diversos artistas e da convocatória internacional "ENTRE TAPIÈS E BEIJOS" (Palestrante Prof. Carlos Cruz);
 "garimpagem" de imagens nas ruas, através de fotografia;
 construção virtual de postal e posterior impressão;
 apresentação final, exposição e troca dos postais criados.
Avaliação:
Explanação oral de pontos positivos e negativos, dificuldades, influência do conteúdo na prática social, mudança pessoal em relação ao uso dos correios como meio de comunicação e da arte postal como meio de expressão.
Material:
Câmera fotográfica digital ou celular, tesoura, papel cartão, cola bastão, aparelho de som e notebook.
Resultado final:
 produção de postais de 10 X 15 cm, temática livre em fotografia (e/ou colagem);
 nova maneira de pensar, refletir, questionar, descrever o mundo, usando a linguagem da arte postal (mail arte);
 descobrir-se enquanto criador;
 sentir-se estimulado em sua criatividade, senso crítico e autoconfiança.
Obs.: a convocatória será publicar em sites especializados em arte postal, para trocas futuras com artistas do mundo.


RESUMO:
CONVOCATÓRIA DE ARTE POSTAL (ART MAIL) DO C.E. HERBERT DE SOUZA (para os alunos)
TEMA: “ RUA: POÉTICA, CONVÍVIO, VIVÊNCIA, CONVIVENCIA”
REGULAMENTO:
TÉCNICA: fotografia
PRAZO DE ENTREGA: semana de 18 a 22 de junho de 2012
FORMATO DO TRABALHO: cartão postal (15 x 10,5 cm)
ENTREGA DO TRABALHO: aos professores Carlos Cruz e Sabina Aguiar

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PROJETO DE ARTE CONCEITUAL “LIVRO-OBJETO” (bilíngüe):
“ RUA STREETAMENTE RUA – BOOKLET ”
“A arte é um enigma. E como todo enigma,
não é algo que se contempla, mas que se decifra”.
Octavio Paz
Justificativa:
O “livro-objeto” tem por finalidade a quebra conceitual da forma convencional do livro, e toda a conceituação que este sugere, rompendo as fronteiras usualmente atribuída aos livros, para se assumirem como objetos de arte. O “livro-objeto” só existe enquanto “obra-de-arte”, como um “objeto” do universo das artes-plásticas, contudo possibilita - muitas vezes exige - uma "leitura" muito próxima do livro comum, o observador consegue "ler" o que o autor deseja causar com a obra, de maneira literal ( palavras, frases, pequenos textos etc.) ou interpretativa.
Artistas e poetas se apropriaram do “livro”, recriando-o enquanto “objeto”, perpetrando as mais diversas experimentações formais, de funcionalidade e materialidade, unindo meio, imagem e escrita. Dessas variadas experiências surgem os “livros-objeto”, entendido aqui como paradigma que instiga a imaginação não só por suas características como pelo conjunto de significados que o constitui. É um meio, um suporte que carrega consigo elementos de linguagem que só passa a fazer sentido enquanto transmissor de informações, conhecimentos e possibilitador de experiências, cuja narrativa literária é substituída ou mesclada por uma narrativa plástico/poética que extrapolando o conceito “livro”, rompe as fronteiras comumente atribuídas aos livros, para se assumirem como objetos de arte. Normalmente são obras raras, muitas vezes únicas, ou com micro tiragens. A idéia de interatividade também, tem se demonstrado como um forte caminho de expressão contemporânea, que tende, cada vez mais, a aglutinar os diversos segmentos do fazer artístico. Com isto, há uma clara expansão do campo de trabalho e um aumento das possibilidades expressivas.
O tema deste projeto “ RUA STREETAMENTE RUA – BOOKLET ”, será realizado, em grupos, pelos alunos de Artes do 2º ano do Ensino Médio do C.E. Herbert de Souza. O tema propõe aos alunos que escolham determinado trecho de ruas próximo onde atuam e, a partir dele, criem um registro sensorial (pensamentos, palavras, poesias, cheiros, ruídos, resíduos, imagens e memória) coletivo em um livro-objeto, ressignificando o conceito de RUA, dando-lhe uma nova acepção, que pode ser poética, crítica social, nova interpretação, homenagem, etc.
Os alunos, além de criarem um objeto de arte, “livro-objeto”, bilíngüe (português/inglês), que tenha inspiração ou represente a “viagem sensorial” objetivada pela RUA, deverão também, a partir da obra contar uma nova forma de se vivenciar emocional e sensorialmente a RUA e sua história, fazendo com que o "leitor/espectador" da obra se sinta instigado a conseguir extrair dessa reinterpretação novos significados.
Histórico:
Sabemos que, de uma maneira geral a razão primordial de ser do livro é a de transmitir conhecimentos. Estes conhecimentos há tempos extrapolaram sua leitura textual e foram sistematicamente potencializados com imagens e vice-versa. Unindo-se às experiências apresentadas, o design gráfico se mostrou como campo de ação importante no sentido de abrir caminho para outras interações e não apenas da leitura do texto. Ao longo do século XX houve permanente diálogo entre as artes visuais e a literatura, acompanhando a diluição de limites rígidos entre as diferentes linguagens facilitando a aproximação entre as diversas formas de expressão artística, o que resultou, por exemplo, na anulação da fronteira entre o texto e a imagem. Poetas se aperceberam da visualidade da escrita e incorporaram elementos iconográficos em suas produções. Artistas visuais retomaram a origem visual da escrita, utilizando elementos textuais (grafismos, letras e ideogramas, colagem de fragmentos de textos impressos etc.) em sua produção, transformando a escrita num elemento plástico/gráfico conceitual.
Nesse processo de resgate de vínculos entre a palavra e imagem e vice versa, tiveram grande importância experiências como as de Picasso, Braque, (incorporando à obra artística materiais “não artísticos”, letras, fragmentos retirados de jornais, partituras musicais, papéis de parede etc.) e Mallarmé.
A ampliação da difusão e influencia dos meios de comunicação interferindo em todas as instâncias da vida cotidiana, a cultura de massa, o surgimento e desenvolvimento de novas mídias e tecnologias, fizeram com que o convívio com as imagens caminhasse para saturação provocando crescente banalização da relação indivíduo/objeto, imagem/texto. Artistas plásticos e poetas passam então a buscar novas formas de relacionamento com a arte e a escrita, questionando materiais e suportes tradicionais e se apropriando de novos meios e tecnologias como suporte e material para suas produções.
A aproximação entre literatura e artes plásticas às realizações das vanguardas e neovanguardas, provocou a derrocada das fronteiras tradicionais entre a pintura, escultura, fotografia, literatura, objeto, desenho, colagem etc. que passam a um dialogo cada vez mais intenso terminando por se fundirem em um locus de experimentação, possibilitando a criação de obras que transitam entre a poesia visual e as artes plásticas sem nenhuma incoerência e incorporando o ambiente, ganham espaços, significados, formas e temporalidades além dos mais diversos suportes, estava assim pavimentado o caminho que vai da poesia visual à poesia objeto, chegando a instalação, a intervenção e ao “livro-objeto”.
Dinamizador: Prof. Carlos Cruz e Profª. Sabina Aguiar, Artes Plásticas; prof.... e profª....., Língua Inglesa.
Objetivos gerais:
 conhece o “livro-objeto” enquanto obra de arte no contexto histórico cultural;
 compreende os desdobramentos dessas manifestações na atualidade;
Objetivos específicos:
 valoriza o uso da técnica da escrita, colagem e fotografia na linguagem do “livro-objeto”;
 experiencia a pesquisa e construção de um “livro-objeto”.
Público alvo:
Alunos de Artes Plásticas do 2º ano do Ensino médio do C.E. Herbert de Souza
Período:
Primeiro semestre de 2012
Local:
C.E. Herbert de Souza
Desenvolvimento:
- apresentação expositiva, pelo professor dinamizador, de painel geral sobre o “livro-objeto” e as manifestações artísticas contemporâneas;
- apresentação e análise de trabalhos de “livros-objeto” de Waltercio Caldas ;
- “viagem”, “coleta” e “registro sensorial”, pensamentos, palavras, poesias, cheiros, ruídos, resíduos, imagens percebidas/captadas nas ruas;
- construção do “livro-objeto”;
- apresentação final e exposição.
Avaliação:
Explanação oral de pontos positivos e negativos, dificuldades, influência do conteúdo na prática social, mudança pessoal em relação ao espaço urbano e sua percepção.
Material:
Câmera fotográfica digital ou de celular, mp3 (para registros sonoros), tesoura, papel cartão, cola bastão.
Resultado final:
 produção de“livro-objeto”, bilíngüe (português e inglês), de 23 X 16 cm, com registros manuscritos de pensamentos, palavras, poesias, cheiros, ruídos. Resíduos, desenhos, fotos e/ou colagem;
 nova maneira de pensar, refletir, questionar, descrever o mundo, usando a linguagem do “livro-objeto”;
 descobrir-se enquanto criador;
 sentir-se estimulado em sua criatividade, senso crítico e autoconfiança.

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S E G U N D O    S E M E S T R E
PROJETO DE ESCULTURA CONTEMPORÂNEA



“ P R O J E T O [ E ] - recheado de histórias”
“ Se Michelangelo fosse questionado hoje
sobre como fazia suas esculturas, teria respondido:
‘Simplesmente me utilizo de tudo que não é necessário’.”
C. Zürck
Justificativa:
O que a escultura contemporânea "comunica" de início é a própria presença dela. O significado final é pessoal, exclusivo de cada espectador, a partir de sua experiência de estar frente à obra, e depende do próprio espectador, do espaço e do tempo de apreciação. A escultura contemporânea resgata para os espectadores, uma dimensão de tempo perdida no contexto da vida contemporânea, fazendo-o parar para que se tornem mais conscientes de si mesmos: onde está e o que é, e seu realizador não busca lugares dotados de significado histórico ou imaginário já garantido, antes, trabalha com essa confrontação espacial, procurando converter esses locais de trânsito, típicos da dinâmica urbana contemporânea, em locais de experieciação.
As esculturas contemporâneas confrontam e desafiam a capacidade do espectador de comunicar e transcender através da troca de informações, exigida para uma maior compreensão da obra e sua posição dentro de determinado espaço.
Criando obras efêmeras, lançando mão de objetos modificados ou não em sua morfologia original, que naturalmente, imersos no cotidiano (dado sua forma e materialidade comum e banal no meio), estariam invisíveis, o artista, pela sua ação, empresta a esses mesmos objetos outra nova visibilidade.
O PROJETO [E] - recheado de histórias, irá constituir a primeira instalação comunal no C.E. Herbert de Souza, nosso espaço de exposição, o mezanino na sobreloja.
Convidaremos os alunos da segunda série das turmas (2001 a 2012) da nossa comunidade escolar para a criação de um mundo de pequenas esculturas em pequenos potes de vidro, soltar a imaginação, fazer o máximo de um espaço minimo, e atarraxar a tampa.
O PROJETO [E] - recheado de histórias, consiste em uma instalação coletiva, em que cada participante receberá um pote, criará uma parte da instalação e devolverá ao professor. O conjunto formará uma instalação de pequenos trabalhos, sugerindo as muitas maneiras de re-imaginar um espaço restritivo. O pote pode conter qualquer coisa: histórias, fotos, objetos, desenhos, paisagem em miniatura, assemblage etc.
Às vezes “as coisas mais surpreendentes se encontram nas pequenas embalagens” diz o adágio popular , e nossa proposta é apresentar o potencial quase ilimitado de um pequeno espaço vazio.
Histórico:
Escultura é um corpo ( criado ) no espaço, que dialoga - de diversas e diferentes formas - com o que está à sua volta, ressignifica seu entorno oferecendo-lhe uma nova dimensão física e simbólica. O espaço em que esse corpo criado (a escultura) é inserido transforma-se em lugar de projeção de nós mesmos e dos outros.
A estética nos últimos trinta anos transformou a escultura, mudaram suportes, materiais, procedimentos e poéticas. A escultura mudou em decorrência da transformação de nossa sociedade. O artista hoje busca a matéria em qualquer "objeto banal", pois este pode ser fonte de prazer estético e sujeito à contemplação. A produção de artistas dos anos 80 e 90 mantiveram e ampliaram conceitos típicos da escultura contemporânea: a perda da verticalidade e da base, da nobreza dos materiais e outros convencionalismos, na escultura contemporânea, o objeto escolhido é público, é comum, o impacto sobre o espectador é o que importa. A poética contida na escultura contemporânea também pode refletir sobre a própria obra nas condições de seu fazer.
A ruptura com a concepção tradicional pôs á mostra a expressividade das formas, da cor, da textura, do conteúdo simbólico de materiais e/ou objetos até então considerados não - artísticos. Rompidos os códigos preestabelecidos da escultura que serviram como parâmetros para os artistas, o que tem prevalecido hoje é o artista enquanto artista, enquanto cidadão e indivíduo, com seu próprio corpo, biografia, lugar, origem, etc. Na atitude e prática escultórica contemporânea, o artista passa a explorar um campo de possibilidades infindas, adotando materiais diversos em espaços diversos, integrando obra a paisagem; utilizando o próprio espaço, lugar mútuo do espectador e da obra, como processo criativo; pondo em questão a relação do homem com o seu ambiente, tempo, espaço; buscam o inesperado, o poético, o espírito que constitui a substância da obra de arte, provocando o espectador. Tudo se mistura e se decompõe e recompõe, são re-criações, re-composições, re-leituras, re-apropriações, re-utilizações e citações.
Dinamizador: Prof. Carlos Cruz e Profª. Sabina Aguiar
Objetivos gerais:
 Conhece manifestações da escultura no contexto histórico cultural contemporâneo (Brasil e mundo);
 compreende os desdobramentos dessas manifestações na atualidade;
Objetivos específicos:
 valoriza o uso da(s) técnica(s) da escultura contemporânea;
 experiencia a construção de escultura contemporânea.
Público alvo:
Alunos de Artes Plásticas do 2º ano do Ensino médio do C.E. Herbert de Souza
Período:
Segundo semestre de 2012
Local:
C.E. Herbert de Souza
Desenvolvimento:
 apresentação expositiva do projeto, pelo professor dinamizador, de painel geral sobre a escultura contemporânea;
 apresentação e análise de trabalhos de artistas e da escultura contemporânea brasileira;
 Projeto e construção da escultura;
 apresentação final e exposição.
Avaliação:
Explanação oral de pontos positivos e negativos, dificuldades, influência do conteúdo na prática social, mudança pessoal em relação ao uso de objetos cotidianos como meio de comunicação e da escultura como meio de expressão.
Material:
Potes de vidro (de uso comercial) com selo do projeto.
Resultado final:
 produção de esculturas em potes, temática livre;
 nova maneira de pensar, refletir, questionar, descrever o mundo, usando a linguagem tridimensional;
 descobrir-se enquanto criador;
 sentir-se estimulado em sua criatividade, senso crítico e autoconfiança.
Atenção:
• Não utilizar materiais perigosos, perecíveis ou com odor forte;
• Se usar líquidos, certifique-se que que o pote esteja
hermeticamente fechado.
• Ao final do projeto, os frascos não recolhidos serão doados para
reciclagem;