quinta-feira, 5 de junho de 2008

“ALEGORIA DO AMOR E DO TEMPO” (1540-1545)

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“ALEGORIA DO AMOR E DO TEMPO” (1540-1545)

Esta obra de Bronzino* é um maravilhoso exemplo do Maneirismo, e no modo como contorce as posturas naturais, exagera as expressões e enfatiza o movimento, um evidente precursor do BARROCO. A luz serena que banha e a suavidade da cena, são típicas do estilo do artista, um bem-sucedido pintor de retratos em sua época, Bronzino com freqüência colocava seus modelos em poses estranhamente rígidas. As expressões um tanto frias e desligadas de seus modelos impelem o espectador a procurar atentamente por um vislumbre de emoção. Esta obra, pintada para o grão-duque da Toscana e presenteada a Francisco I, rei da França, é destinada ao divertimento e edificação, de um grupo pequeno de pessoas ricas e nobres, é uma Alegoria (denominada “ALEGORIA DO AMOR E DO TEMPO”) e representa a Vênus (deusa romana do amor, Afrodite para os gregos). É Uma obra requintada e que tem a pretensão de alertar o espectador de que junto com o Amor sensual, representado pela Vênus, podem aparecer o Ciúme , representado por uma mulher que põem as mãos na cabeça, num grito silencioso de desespero, e a Inveja , representada por uma jovem, cujo corpo mostra por baixo de uma vestimenta verde, um corpo de serpente e uma garra. Bronzino retratou a deusa sendo beijada eroticamente por Cupido (Eros para os gregos), que acaricia seu seio (gesto que é o centro geométrico da obra), já ferida de paixão (traz a seta com que Cupido a atingiu em uma das mãos, na outra o “Pomo de ouro” **) . À direita do grupo central, vemos um menino sorridente que representa o Prazer, pronto para atirar em celebração, pétalas de rosas sobre o casal. Ao alto vemos duas figuras erguendo um véu azul que parecia cobrir a cena. O homem é Cronos, Deus do Tempo, e sustenta sobre o ombro direito uma ampulheta. É o Tempo que revela as complicações ou não que acompanham o amor, cheio de paixões, desejos, prazeres, ciúme, poder e inveja. A mulher, a esquerda, representa a Verdade, sempre companheira do tempo e com o qual troca olhares reveladores, é ela quem desvenda a difícil e perigosa combinação de alegrias e frustrações, sentimentos quase inseparáveis do Amor. O quadro procura transmitir um ensinamento moral: o ciúme e a inveja podem ser companheiros tão inseparáveis do amor quanto o prazer.

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( * ) Mais conhecido por Bronzino ou Il Bronzino , seu nome era Agnolo Tori também chamado com os nomes de Ângelo di Cosimo di Mariano, Ângelo Bronzino ou Agnolo Bronzino (nasceu em Florença, 17 de novembro de 1503 onde também faleceu em 23 de novembro de 1572). Essencialmente um pintor palaciano, devotado ao gosto da Corte e um dos maiores representantes do MANEIRISMO. Provavelmente por este motivo alguns estudiosos o acusam de preciosista, excessivo, cujo resultado é frio e impessoal, e ainda que o artista parece mais preocupado com os resultados temáticos de suas obras. Também, como representante do maneirismo, Bronzino usa cores irreais, muitas vezes contrastantes.

( ** ) A narrativa mitológica diz que Minerva era a deusa da sabedoria mas, certa vez, cometeu uma tolice, disputar um concurso de beleza com Juno e Vênus. Todos os deuses foram convidados para o casamento de Peleu e Tétis, com exceção de Éris, Deusa da Discórdia. Furiosa com sua exclusão, a deusa atirou entre os convivas um pomo de ouro com a inscrição “À mais bela”. Juno, Vênus e Minerva reclamaram a maçã ao mesmo tempo. Júpiter, não querendo decidir assunto tão delicado, mandou as deusas ao Monte Ida, onde o pastor Páris apascentava seus rebanhos, e a ele foi confiada a decisão. As deusas compareceram então diante dele. Juno prometeu-lhe poder e riqueza; Minerva, glória e fama na guerra; e Vênus, a mais bela das mulheres para esposa; cada uma delas procurando influenciar a decisão a seu favor. Páris decidiu favoravelmente a Vênus e entregou-lhe o pomo de ouro, tornando assim, suas inimigas as outras duas deusas.

domingo, 25 de maio de 2008

ALGUMAS DAS PINTURAS ( do RENASCIMENTO e do BARROCO, respectivamente) ANALISADAS NA ÚLTIMA SEMANA (clique nas imagens para apreciar os detalhes)

"NASCIMENTO DE VÊNUS" - Sandro Botticelli
"CRISTO SENDO DESNUDADO"
El Greco (Domenikos Theotokopoulos)
"RONDA NOTURNA" - Rembrandt

quarta-feira, 23 de abril de 2008

AVALIAÇÃO DO 1º BIMESTRE
TRABALHO DE GRUPO (até cinco componentes)

° TEMA:
" Arte Renascentista e Arte Barroca " *

° DESENVOLVIMENTO:

a) Momento Histórico Cultural;
b) Caracteríticas;
c) principais nomes (Artistas);
d) Bibliografia.

° DATA DE ENTREGA:
Terça-feira 10 de maio (turmas da terça)
* Obs.: O grupo deverá abordar também o "Barroco Brasileiro", que pode ser pesquisado em "linques" neste blog (à direita).



Segunda-feira 9 de maio (turmas da segunda)

terça-feira, 22 de abril de 2008

CURIOSIDADES PICTÓRICAS I

L O U I S   S O U T T E R


LOUIS SOUTTER ( nasceu na Suiça em1871,) originário de uma família da alta classe média suíça, era primo de Charles Edouard Jeanneret - Le Corbusier, estudou desenho, arquitetura e música (violino), sem se graduar. Viajou para os EUA em1897 e se estabeleceu em Colorado Springs onde dirigiu o departamento de arte da faculdade de Colorado e contraiu matrimonio com Madge Fursman. Depois de seu divórcio retornou para a Suíça levando a partir de então, uma vida errante. Foi internado em um hospital psiquiátrico aos 52 anos de idade, onde passou o resto de sua vida ( morreu aos 71 anos em 1942). As primeiras obras de Louis Soutter foram influenciadas pela pintura mural romana, uma vez no hospital psiquiátrico, sua arte passou por uma mudança radical. Com dificuldades de visão começou a pintar usando os de dedo e, ás vezes, o corpo todo. Essa segunda fase do seu trabalho sofreu incompreensão e rejeição, após sua morte, porém, seu trabalho ganhou o reconhecimento junto aos críticos de arte que passaram a considerá-lo um dos pioneiros da chamada “Arte Bruta*, termo proposto por Jean Dubuffet na década de 1940 para a arte feita por indivíduos sem formação artística, ignorantes (consciente ou inconscientemente), em geral crianças, reclusos, doentes mentais, esquizofrênicos, gente onde não há qualquer preocupação em realizar uma obra de arte segundo um padrão conhecido. A comunicação artística na arte bruta faz-se em moldes tradicionais, espontâneos, sem referências estéticas, de forma livre de preconceitos. Não significa que se apresente como crítica da própria arte, não se trata de uma forma de expressão que desafie cânones, pois caracteriza-se pela indiferença total à arte e ao artístico.

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*A expressão Art Brut (Arte Bruta) foi criada pelo pintor francês Jean Dubuffet (1901-1985) em 1947, com o objectivo de caracterizar o trabalho produzido fora do sistema tradicional e profissional da arte (pelo que é também conhecido por Outsider Art ), que o artista considerava mais autêntico e verdadeiro que o dos artistas eruditos. Desta forma, o conceito de Arte Bruta pretendia englobar produções muito diversificadas realizadas por crianças, por doentes mentais e por criminosos, que apresentavam em comum um carácter espontâneo e imaginativo. Englobava também algumas realizações de carácter público e colectivo, como o graffiti.
Em Novembro de 1947, Dubuffet apresentou pela primeira vez ao público a sua colecção de obras de Arte Bruta na galeria René Drouin, em Paris. Em Junho do ano seguinte, foi constituída a Companhie de l'Art Brut (Companhia de Arte Bruta) que assumia como função principal a valorização, o incremento e a divulgação destes trabalhos. A esta associação juntam-se vários artistas, críticos de arte ou escritores como André Breton, Jean Paulhan e Michel Tapé.
Mais tarde, em 1967, a colecção de Arte Bruta foi objecto de uma grande mostra organizada pelo Museu de Artes Decorativas de Paris e, em partir de 1976, foi transferida para Lausanne, para o museu de Arte Bruta.
Os Cahiers de l'Art Brut , publicados desde 1964, constituíram o veículo de divulgação de trabalhos teóricos e artísticos de muitos autores, de entre os quais se destacam Joseph Crépin e Augustin Lesage.
(clique nas imagens para ampliá-las)

PINTURA I



PINTURA II





PINTURA III




PINTURA IV




PINTURA V





PINTURA VI




PINTURA VII

Louis Soutter, o trágico e “louco” artista suíço, ainda em vida, foi considerado um grande artista por pessoas como Hermann Hesse (abaixo), que escreveu um poema em sua homenagem e nos anos 90 foi realizada uma exposição, de seus trabalhos em Parism que foi dividida em períodos de acordo com títulos de suas obras como "E se o sol retornar para mim novamente", "Os incrédulos” etc. Em uma carta a seu primo e colaborador Le Corbusier, ele escreveu: "Os ‘incrédulos’ são seres sofredores, uma casta purificada e elevada pela dor torturante do isolamento. [...] Nosso envolvimento com a chamada realidade realmente nos separa da realidade. Nossas preocupações, objetivos, alegrias e tristezas, realmente nos separaram da realidade suprema que é a marcha irreversível para o esquecimento. O confinamento é um dos piores castigos, porque nos expõe ao nada, mas esperando. A inteligência se torna nossa inimiga quando nos expõe à verdade e não nos mostra como escapar dela. Portanto, a arma mais estúpida, a coragem, é a nossa arma única e final. A coragem é o que nos faz tomar conta das nossas preocupações diárias, como se elas realmente importassem. A coragem é um braço para o assim chamado derrotado como a alegria é um braço para o chamado vitorioso. O budismo, que nos diz que tudo é ilusão, ainda não explica para quê esse conhecimento é útil*. Vista-se em sua coragem como em uma camisa suja, porque não há uma limpa possível. A coragem é uma virtude e a fé justifica a existência de virtudes.” * pode ser um aviso: cuidado para que seus sonhos não se tornem obsessões que se transformam em uma prisão.”



PINTURA VIII



PINTURA IX
(pintura executada na frente e no verso da tela)




PINTURA X - frente

 (detalhe do lado esquerdo da pintura anterior)



PINTURA XI- verso

(detalhe do lado esquerdo da pintura anterior)



PINTURA XII





PINTURA XIII

(detalhe do lado de cima da pintura anterior)





PINTURA XIV

(detalhe do lado debaixo da pintura anterior)
.
.


Um poema do grande escritor alemão
Hermann Hess em homenagem a

LOUIS SUTTER


A pintar quadros lindos e perfeitos,
a tocar no violino sonatas sem defeito
e lindas - a Kreutzer, à Primavera –
aprendi, já faz tempo, quando jovem
corria para o mundo aberto e claro:
eu era moço, era louvado e era amado...
Mas certa vez me olhou pela janela,
a rir com a maxila descarnada,
a Morte – e o coração
gelou dentro de mim, gelou em mim
e me gela ainda hoje. Eu escapei,
vaguei de um lado para outro,
mas me pegaram e me puseram fechado
ano após ano. Da minha janela,
por entre as grades, ela me arregala os olhos
e arregalada ri. Me conhece. Ela sabe.
Em papel grosso às vezes pinto homens,
pinto mulheres, pinto Jesus Cristo,
Adão e Eva, o Gólgota,
não perfeitos, não lindos, mas sentidos.
Com tinta e sangue eu pinto, com verdade,
e a verdade é terrível.
Recubro a folha, risca sobre risca,
mais alta, mais grudada, cinza, prata, preta,
e as pontas dos hieróglifos
deixo encresparem-se espalhados feito musgo,
crepitarem como granizo seco, afilarem-se em espinha de peixe,
cinzentos véus, redes de linha fina, teias de aranha,
vento na relva, trança de raízes, caligrafia,
rabisco dez mil linhas em blocos e mais blocos,
lisas inchadas arrepiadas,
em plumas flamejantes, empinadas, esquivas,
poupo aos rabiscos os corpos da neve,
jogo Jesus ao chão
sob o fardo da cruz, voejam pássaros
como espectros num matagal de sonho, flores em flocos
a rir aflitas entre ervas murchas.
Eu às vezes esqueço,
eu às vezes conjuro tanta angústia,
eu às vezes escuto de distantes
anos de sombras, muitos anos, música:
Sonata a Krautzer*... Mas na janela
sei que, nas minhas costas,
riem de mim.
Mas quem me conhece, quem sabe – é Ela.

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*Sonata No.9, para violino: “à Kreutzer”, Beethoven