segunda-feira, 21 de abril de 2008

TEXTO III: “APRECIANDO UMA PINTURA”

TEXTO III: “APRECIANDO UMA PINTURA”

Robert Cumming

Atualmente, um grande número de pessoas tem acesso às obras de arte de importantes artistas. Há também cada vez mais oportunidade para ver e estudar essas obras. Contudo, várias obras costumam ser vistas num contexto afastado da arte, como peças de publicidade ou em cartões comemorativos. Em outras palavras, as obras não são realmente olhadas - pois ver não é o mesmo que olhar, assim como ouvir não é igual a escutar. Ver envolve apenas o esforço de abrir os olhos; olhar significa abrir a mente e usar o intelecto.

Olhar uma pintura é como partir para uma viagem - uma viagem com muitas possibilidade, incluindo o entusiasmo de compartilhar a visão de outra época. Como em qualquer viagem, quanto melhor a preparação, mais gratificante será a expedição. A melhor maneira de viajar é com um guia que o ajude enquanto você se familiariza com o novo ambiente, e que lhe mostre coisas que do contrário passariam despercebidas.

SEIS LINHAS MESTRAS

TEMA.

Todas as pinturas têm um tema específico, cada um com sua mensagem significativa. Com freqüência o tema é fácil de se reconhecer; mas em muitos casos, em especial nas obras mais antigas, os artistas escolheram histórias da Bíblia ou relativas aos deuses da Antiguidade, como aquelas narradas na mitologia grega e romana. Ao criar essas obras, os artistas deviam presumir que seu público estava familiarizado com essas historias. Hoje isso não é mais verdade, porém redescobrir esses grandiosos mitos e lendas pode ser um dos maiores prazeres ao se olhar uma pintura.

TÉCNICA

Cada pintura deve ser criada fisicamente, e a compreensão das técnicas utilizadas, como o emprego da tinta a óleo ou uso do afresco, aumenta muito nossa apreciação da obra de arte. A maioria das obras são notáveis por suas inovações técnicas e seu virtuosismo.

SIMBOLISMO

Muitas obras usam extensamente uma linguagem de simbolismo e alegoria que na época era compreendida tanto pelos artistas como pelo público. Os objetos reconhecíveis, mesmo pintados em detalhe, não representam apenas eles mesmos, mas conceitos de significados mais profundo ou mais abstrato. A familiaridade com esta linguagem diminuiu muito, mas ela pode ser redescoberta pelo estudo dos quadros e das crenças da sociedade que formou o artista.

ESPAÇO E LUZ

Os artistas que buscam criar uma representação convincente do mundo na superfície plana de uma tela ou madeira precisam adquirir o domínio da ilusão do espaço e da luz. É notável a variedade de meios pelos quais esta ilusão pode ser criada. Não há duas obras em que esses meios sejam iguais, e em alguns casos o principal deleite visual de uma pintura está na maneira como o pintor trabalhou essas duas qualidades fugidias.

ESTILO HISTÓRICO

Cada período histórico desenvolve um estilo próprio, que se pode perceber nas obras de seus artistas principais. Os estilos não existem isoladamente, mas refletem em todas as artes. È possível acompanhar a evolução da história da arte desde o início da Renascença até os tempos modernos.

INTERPRETAÇÃO PESSOAL

Qualquer pessoa que embarque na viagem de exploração dos significados das pinturas logo ficará confusa com a quantidade de pontos de vista apresentados. Uma orientação simples é: se você vê alguma coisa sozinho, acredite nela – não importa o que digam. Se não consegue ver, não acredite.

Cada pessoa tem o direito de levar para uma obra de arte o que quiser levar através da sua visão e de sua experiência, e guardar o que decidir guardar, no nível pessoal. O conhecimento da história, das habilidades técnicas deve ampliar essa experiência pessoal. Mas se a dimensão pessoal (ou “espiritual”) se perde, então olhar uma obra de arte não é mais significativo do que olhar um problema de palavras cruzadas e tentar resolvê-lo.

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